segunda-feira, 18 de março de 2013

FALTA DE MORADIA OU FALTA DE VERGONHA


Passando pela região do Mercado Municipal de São Paulo durante a noite pude perceber o que se mostra como fato há anos, nossa população de rua esta cada vez mais desamparada, segregada e se entregando cada vez mais ao álcool e o crack – o último censo apontou um total de 14.478 (quatorze mil quatrocentos e setenta e oito) indivíduos, sendo 6.765 (seis mil setecentos e sessenta e cinco) em situação de rua e 7.713 (sete mil setecentos e treze) em centros de acolhida da capital no ano de 2011.  Ao mesmo tempo em que olhava inúmeras filas de pessoas enroladas em cobertores, via também prédios sucateados com faixas da FLM ao lado de prédios com entradas lacradas (com tijolos) e alguns até interditados devido a incêndios.




Não é de hoje que o centro é o reduto em que se encontra a maioria da população em situação de rua da cidade de São Paulo, porém essa situação se estende a toda cidade. Veja os dados.



No centro, a população de rua se divide em diversos distritos.



Os dados acima só corroboram com a falta de políticas públicas que incentive a criação de moradias populares, e digo a criação de moradias com as estruturas já existentes na cidade. Segundo o senso do IBGE do ano de 2010, existem 290 mil imóveis não habitados na cidade de SP e cerca de 130 mil famílias sem moradia. Isso significa que se fossem criadas as tais políticas públicas que incentivassem o uso ou reuso destes edifícios e até mesmo a expropriação destes devido ao mau uso e sucateamento, todas essas famílias e até mesmo os moradores de rua não cadastrados no censo acima teriam o acesso a um endereço fixo. Isso poderia mudar a vida não só de cada indivíduo como da cidade, dando um novo aspecto físico e moral a todas as pessoas envolvidas. Para Osmar Borges - coordenador da Frente de Luta Por Moradia (FLM), que organiza 12 mil famílias de baixa renda que reivindicam a garantia do direito à moradia - uma saída viável seria a reforma e adaptação dos prédios vazios para acolher essa população – que, na sua maioria, ganha de um a três salários mínimos (R$ 622 a R$ 1866) e já trabalha no centro da cidade – a partir de uma ação conjunta entre os governos municipal, estadual e federal. “Para o poder público é vantajoso garantir moradia na área central porque o custo final da unidade é muito mais barato que na periferia, onde precisa construir serviços essenciais como escolas, creches, transportes, hospitais”.





Mas ao invés disso, vemos incêndios em áreas de moradia – regulares ou não – e muita violência em situações de reintegração de posse.  Há não muito tempo atrás estavam virando a coqueluche do momento os incêndios em favelas em SP, foram mais ou menos 34 só em 2012. Muita coisa foi especulada e a posição da PMSP foi que devido a baixa umidade e tempo seco foi a principal causa destes fatos, porém existem cerca de 1530 favelas totalizando 30 quilômetros quadrados acolhendo 400 mil famílias, congregando um total ente 1,6 a 2 milhões de pessoas totalizando 16% da população da cidade (Estudo realizado pela PMSP em 2007), A FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas -  mostra que todas as áreas afetadas pelos incêndios estavam em aumento de valorização comercial. A Favela do Moinho, que fica em Campos Elíseos no Centro da Cidade, sofreu um incêndio em 17 de setembro de 2012 cerca de 80 barracos foram destruídos pelo fogo, esta área que está acabada deverá virar um estacionamento a entrada do estacionamento será bem no foco do incêndio, logo abaixo do Viaduto Orlando Murgel, recém-reformado (reforma finalizada em 18 de março de 2013).
Veja a matéria sobre o estacionamento clicando aqui (Fonte: site TERRA)


Incêndio 17/09/12



Viaduto Orlando Murgel durante as reformas – custo total de R$ 6 mi


Favela do Moinho com o incêndio controlado



Após tudo isso acima, é claro que existe uma política para limpar essas áreas de moradias irregulares e de manutenção da moradia de rua, sim manutenção disso. Assim como o bombeiro que cria um incêndio para ele mesmo apagar e se tornar o herói nosso país ainda precisa de miséria para mostrar que está tentando erradicá-la. Para nossos representantes é mais válido desmatar uma área e gastar centenas de milhões de reais par criar um conjunto habitacional, com desvio de grana pública e moradias que não atendem as necessidades do povo do que ir contra a corrente e desapropriar esses grandes prédios no centro da cidade (que valem muita grana, mesmo fodidos). Assim a grande maioria pobre fica afastada dos grandes centros e tendo de pegar diversas formas de transporte publico que não atende as demandas, mas isso é outro assunto.


Fontes:


Nenhum comentário:

Postar um comentário